NAT 05 (1975)

Atualizado há 8 anos


Por: Newton Braga Rosa

 

No início da década de 70, as dificuldades de comunicação e transporte, faziam que cada universidade federal buscasse soluções próprias para sua gestão, muitas vezes repetindo caminhos já trilhados por outras. Um funcionário do MEC em Brasília, Mauricio Lanski, professor da UFMG, estava desenvolvendo uma tese de Doutorado nos EUA na área de administração pública. A tese propunha um modelo de cooperação entre as Universidades Federais no Brasil, com o objetivo de aumentar a eficiência e economizar recursos. Em Brasilia, seu colega Weber da Silva Braga, sociólogo da UFMG, coordenava a CODEMOR, Coordenação de Modernização do MEC. A CODEMOR escolheu 8 universidades federais que possuíam diferenciais competitivos em áreas estratégicas e criou os NATs- Núcleos de Assistencia Técnica. Assim a UF Fluminense se tornou um NAT em Administração Hospitalar, a UFMG em projeto arquitetônico de Campus Universitário, UF Pará em administração Financeira, a UFBa em administração de Recursos Humanos. A UFRGS foi escolhida pela sua excelência em Processamento de Dados, e se tornou sede do NAT05. O Prof Newton Braga Rosa, que havia sido chefe da Divisão de Computação do CPD, foi designado para coordenar o NAT05. Desta forma, analistas, programadores e professores do CPD repassaram a experiência e mesmo programas inteiros de gestão acadêmica, matriculas on-line, sistemas contábeis entre outros, para várias universidades federais do país. O NAT05 da UFRGS foi considerado o de melhor desempenho e professor Newton foi cedido para o MEC, em Brasília, onde morou até o final de 1979. Uma das atribuições da CODEMOR foi o programa do MEC de remanejamento de computadores entre as Universidades Federais. Quando o MEC liberava recursos para a compra de um novo equipamento (na época custavam cerca de US$2milhões, a valores do dólar da época) o antigo era remanejado para alguma universidade não tinha computador ou tinha uma maquina de porte menor. Este programa era executado junto com a SEI- Secretaria Especial de Informática do Ministério do Planejamento, sob o comando de Ricardo Saur, Marilene Campos (UFMG) e Arthur Pereira Nunes, entre outros nomes que lançaram as bases de um projeto nacional de domínio da tecnologia de computadores e periféricos. No rastro desta política de autonomia tecnológica foram criadas 4 industrias de mini computadores, um novo paradigma no mundo dos main frames de grande porte, que tornava viável a fabricação de computadores fora dos laboratórios em países do primeiro mundo. Assim, em 1978/79, foram instaladas 4 fábricas no Brasil para disseminação destas novas tecnologias: a SID no Paraná com tecnologia LOGABAX da França; a LABO em são Paulo, com tecnologia NIXDORF, alemã; a COBRA, no Rio de Janeiro com tecnologia Ferranti, da Inglaterra e a EDISA no RS, com tecnologia Fujitzu, do Japão. Se dizia que, pela primeira vez, as universidades estavam formando projetistas e não simplesmente usuários de computadores. Em 1981, a Secretaria do Planejamento do RS lançava as bases do “Polo Industrial de Informática do RS”, que originou várias empresas como a Digitel, Altus, Digicon, Tecnodata, BCM, Metrixer, Novus e dezenas de outras. A operacionalização constava do “Programa de Informática RS” do BADESUL, Banco de Desenvolvimento do Estado do RS, com linhas de financiamento e apoio de consultores para as empresas emergentes, concebido por dois técnicos do Banco, o economista Antonio Martins Lima (atual professor da Economia da UFRGS) e o prof. Newton Braga Rosa. O RS foi um importante polo industrial desta política graças a formação de qualidade da UFRGS e a capacidade de Pesquisa de seus professores, que fizeram a integração UNIVERSIDADE – EMPRESA – GOVERNO,   hoje conhecida pelo modelo “triple helix” de Henry Etzkowitz, de Stanford, proposto em 2000, no “The dynamics of innovation”, um artigo seminal no tema do desenvolvimento tecnológico e transferência do conhecimento. É nesta trajetória que se insere a contribuição do NAT05, criado em 1975, para a inserção da UFRGS no cenário nacional da Política Nacional de Informática, que teve uma forte contribuição do meio acadêmico através de professores e pesquisadores de várias universidades brasileiras.

(Acessos 191)