Pensando sobre modelos de Universidades

A interação entre o estudo e o trabalho pode ser realizada por meio de diversas modalidades que conciliem ambas as atividades. Uma dessas modalidades é a realização de estágios intercalados com o período de estudo, permitindo que o estudante adquira experiência prática ao mesmo tempo em que avança em sua formação acadêmica. Outra opção é o modelo de universidades que oferecem cursos de graduação no período noturno, ou eufemisticamente vespertino, o que facilita a vida daqueles que precisam trabalhar durante o dia. Este modelo de cursos noturnos, no entanto, não é comum em países centrais.

Além disso, é necessário considerar a implementação de colleges, instituições que ofereçam uma formação prática e focada em carreiras específicas, para desmistificar a ideia de que todas as Instituições de Ensino Superior (IES) devam seguir o modelo das Universidades Humboldtianas. Este modelo, que enfatiza a pesquisa e a formação acadêmica voltada para o desenvolvimento científico, não é aplicável ou necessário para todas as áreas do conhecimento.

Na Alemanha, por exemplo, existe uma distinção clara entre as Hochschulen e as Universitäten. As Hochschulen são instituições de ensino superior que oferecem cursos voltados para a prática profissional e não possuem a atribuição de conferir títulos de doutor. Já as Universitäten são aquelas que podem conferir o título de doktor e são orientadas para a pesquisa acadêmica. Este modelo garante que as formações sejam adequadas às necessidades específicas dos estudantes e do mercado de trabalho.

Da mesma forma, na França, há uma distinção entre diferentes tipos de instituições de ensino superior. Recentemente, visitei duas excelentes Escolas de Engenharia no país. Apesar de proporcionarem uma formação de alta qualidade e serem muito respeitadas, essas escolas não têm a capacidade de conferir o título de doutor. Sua missão é formar engenheiros competentes, com uma sólida base teórica e prática, sem a necessidade de estarem envolvidas em atividades de pesquisa ao nível de doutorado.

Esses exemplos mostram a importância de diversificar as formas e modelos de educação superior, adaptando-os às diversas necessidades e objetivos dos estudantes, bem como às demandas do mercado de trabalho. Reconhecer e valorizar diferentes tipos de instituições e abordagens educacionais é crucial para um sistema de ensino superior mais inclusivo e eficaz.


(Acessos 193)