É ensinando que se aprende: Ensino Emergencial a Distância

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Com a epidemia de COVID-19 estamos vendo que muita coisa pode ser realizada com as plataformas de EaD disponíveis. Além disso, o que me parece mais importante é que professores, que antes não gostam ou nunca haviam experimentado estas tecnologias, passaram a desenvolver experiências práticas. Depois de passada a crise será possível analisar os resultados obtidos com as diversas alternativas desenvolvidas. Mas nunca devemos nos esquecer que a utilização de tecnologias para o ensino exige uma dedicação intensa dos professores, por isso a crise ofereceu a oportunidade de muitos professores poderem ou serem obrigados a adquirir experiência prática. A qualidade exige esforço, é bom lembrar a citação em inglês: “No pain no gain”. Isto significa que esforço é necessário, não se obtém bons resultados sem esforço, dos professores e dos alunos. Sem o envolvimento dos professores não é possível obter bons resultados.

O título mostra minha visão do estado atual: “Ensino Emergencial a Distância” (EEaD), notem a palavra Emergencial.  É compreensível que as Universidades não tiveram tempo para planejar uma solução educacional remota com toda a tecnologia e, principalmente, as didáticas associadas a EaD. Por que Emergencial? O que está acontecendo é uma adaptação em tempo real dos procedimentos didáticos para uma emergência. Nunca as Universidades tiveram que experimentar tanto, e os administradores, e professores foram obrigados a tomar decisões tão rápidas. Jamais as TIs foram tão estratégicas para a educação como está sendo agora. O que se passou foi um aprendizado no estilo “faça você mesmo“, quando a impossibilidade de contato pessoal em aulas físicas foi proibido. Foi necessária uma adaptação dos planos de ensino para a utilização de ferramentas como videoconferências, ferramentas de apoio como o Moodle, edição remota de documentos, planilhas ou figuras. Isso foi um choque para muitos professores, penso que menos para os alunos mais acostumados com a tecnologia digital. Por outro lado, obrigou os alunos a um comportamento mais proativo e uma maior responsabilidade no acompanhamento das tarefas.

Então, na crise, muitas competências foram desenvolvidas, muitas ideias foram alteradas e nada será como antes ao final deste período. Mas há coisas mais difíceis que devem ser trabalhadas como o modelo de ensino engessado pelo MEC precisa ser revisto. A equivalência de créditos por horas-aula é um modelo paternalista e que não estimula a autonomia dos alunos e totalmente inadaptado para EaD. Faz sentido definir, por exemplo, 4 horas de aula presencial por semana por todo um semestre para a concessão de 4 créditos? Os créditos não deveriam ser concedidos pelo resultado do trabalho? Será que com esta burocracia vão obrigar a colocar um relógio no sistema de videoconferência para verificar se os professores estão papagaiando os 50 minutos regulamentares de aula por hora? Mas deveríamos considerar que o importante é a forma de o professor interagir com os alunos e estimular a criatividade e o trabalho individual. Discuti este assunto no texto citado nos tópicos associados. Além da reforma nas propostas de ensino será preciso desamarrar a burocracia e dar valor à qualidade, avaliada por si e não pelo número de horas-aula, muitas vezes perdidas por professores e alunos. A Comunidade Europeia teve a coragem de reformar um sistema arcaico com a Declaração de Bolonha que modernizou o sistema de ensino, teremos coragem de fazer algo assim?

A Declaração de Bolonha (19 de junho de 1999) — que desencadeou o denominado Processo de Bolonha — é um documento conjunto assinado pelos Ministros da Educação de 29 países europeus, reunidos na cidade italiana de Bolonha. A declaração marca uma mudança em relação às políticas ligadas ao ensino superior dos países envolvidos e estabeleceu em comum um Espaço Europeu de Ensino Superior a partir do comprometimento dos países signatários em promover reformas dos seus sistemas de ensino. A declaração reconhece a importância da educação para o desenvolvimento sustentável de sociedades tolerantes e democráticas. Embora a Declaração de Bolonha não seja um tratado, os governos dos países signatários comprometeram-se a reorganizar os sistemas de ensino superior dos seus países de acordo com os princípios dela constante. (Wikipedia)

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