O que está acontecendo com a Juventude?

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Nos últimos 10 anos, apenas quatro cursos da UFRGS apresentaram crescimento na densidade de alunos por vaga: três da área de Artes (Bacharelado em Artes Visuais, Licenciatura em Artes Visuais e Bacharelado em Teatro) e um de Ciências Exatas e da Terra (Ciência da Computação). O destaque negativo é a ausência de cursos das Ciências Naturais e Engenharias entre os mais procurados, o que é preocupante diante da tentativa de reindustrialização do país. Paralelamente, a queda geral de 43,6% no número de inscritos nesta área no vestibular entre 2016 e 2025 reforça o desafio para a captação de estudantes para áreas estratégicas.

Essa tendência reforça um alerta crítico: é fundamental atrair mais alunos para as áreas de Ciências Exatas e Naturais, especialmente Engenharias, para atender às demandas estratégicas do país, como a reindustrialização e a transição para uma economia baseada em tecnologia e sustentabilidade. A baixa procura por esses cursos não apenas reflete desafios na educação básica, como dificuldades em matemática e ciências, mas também a necessidade de tornar essas carreiras mais atrativas e conectadas aos interesses dos jovens.

Provavelmente o interesse pela computação, é importante ver que essa área tem o atrativo das startups “unicórnio”, se deve ao apelo social desta área. A popularidade dos games pode ser uma poderosa ferramenta para engajá-los, transformando conteúdos complexos de matemática, física e programação em experiências interativas e divertidas, além de destacar o papel de engenheiros e cientistas na criação de motores gráficos, inteligência artificial e hardware para jogos.

Para atrair outros alunos para as Ciências Exatas e da Natureza é fundamental mudar a narrativa sobre essas áreas, apresentando-as como ferramentas para resolver problemas reais e criar um futuro sustentável, desde tecnologias para cidades inteligentes até soluções em energia limpa e saúde. Iniciativas como hackathons, competições de inovação e parcerias entre universidades e empresas podem não apenas reforçar o aprendizado prático, mas também demonstrar como essas carreiras permitem criar impacto social e trilhar caminhos emocionantes e bem-sucedidos. Ao alinhar a paixão por startups com as possibilidades das Exatas, é possível reverter a queda de interesse e preparar uma geração capaz de liderar o desenvolvimento tecnológico do país.

É preciso ampliar o diálogo entre universidades, escolas e o setor produtivo, mostrando as oportunidades e o impacto social dessas profissões. Iniciativas como programas de orientação vocacional, feiras de ciências, visitas a empresas e laboratórios, além do uso de tecnologias inovadoras no ensino, podem ajudar a despertar o interesse dos estudantes.

Sem investimentos nessa direção, o Brasil pode depender ainda mais de mão de obra e tecnologia importadas, comprometendo a competitividade e a capacidade de inovação do país. A formação de uma nova geração de cientistas e engenheiros deve ser prioridade para sustentar o desenvolvimento nacional em um cenário global cada vez mais competitivo.

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