Atualmente fala-se muito sobre diversidade, na academia discute-se a necessidade de uma formação ampla e contemplando diferentes dimensões. Por outro lado a avaliação dos programas de pós-graduação e dos pesquisadores continua ou torna-se mais concentrada: é o conhecido problema da bolha social. Este é um problema muito bem conhecido em sistemas de recomendação, um grupo de pessoas reforça sistematicamente suas preferências e exclui tudo o que é estranho. O mesmo se passa atualmente com nações que criam o ‘civilisation state‘ negando um modelo de civilização global. Um ‘civilisation state‘ é uma nação que afirma representar não apenas um território histórico ou uma língua ou grupo étnico específico, mas uma civilização distinta baseada em sua história e inerente superioridade.
Retornado para o problema da avaliação; a maior parte dos programas não aceita a produção de seus pesquisadores em outras áreas de conhecimento. Por muita pressão aceitam um certo número de publicações, mas sempre com a avaliação de sua área! Ora, será que, por exemplo, a área de Ciência da Computação é melhor habilitada para avaliar um artigo de Genética? O argumento é que a avaliação é feita sobre o conteúdo de Ciência da Computação no artigo de Genética1 . Isso é apenas, em minha visão, um exemplo de ‘civilisation state‘ em que o grupo acredita que por seu histórico, sua competência é melhor qualificado para avaliar a contribuição – nesse caso monocultural – na sua área. Usei o exemplo da CC pois é minha área, mas isso acontece em todas as áreas que acompanho. Esse fato é limitador da abertura do pensamento e da multidisciplinaridade e da consequente inovação resultante.
Minha proposta para quebrar este modelo ultrapassado: devemos aceitar uma percentagem de publicações, digamos 30%, de qualquer área complementar na pesquisa por sua avaliação na sua área fundamental. Este é um primeiro passo para construir pontes entre as áreas de conhecimento e para desmontar os muros que separam os diferentes grupos de pesquisa nas Universidades.
- Felizmente no final de 2019 a CAPES decidiu que as publicações terão apenas um conceito dado por sua área de base. [↩]