Breve história do Instituto de Informática da UFRGS

postado em: Diversos | 0

Versão inicial por: Clésio Saraiva dos Santos & José Palazzo Moreira de Oliveira
atualizações posteriores pelo último autor.

 

Inf UFRGSAs origens do Instituto de Informática remontam ao final dos anos 60, quando foi criado o Centro de Processamento de Dados (CPD) da UFRGS, com a missão de organizar e difundir a utilização do computador na Universidade. Inicialmente o CPD foi equipado com um computador IBM-1130. Os primeiros 10 anos foram uma fase de consolidação e formação da equipe, o processo que levou a criação do CPD iniciou-se em 1961 e é muito bem relatado no discurso do Prof. Manoel Luiz Leão quando das comemorações desta primeira década (1978). Este evento culminou com um jantar na antiga Sociedade Germânia, onde hoje localiza-se a Agência Moinhos de Vento (Porto Alegre) do Banco Bradesco.

Constituída a equipe de trabalho, formada majoritariamente por estagiários recrutados dentre os estudantes da Universidade que se destacaram nos cursos de treinamento oferecido pela Cia. IBM, foi iniciado um programa de qualificação pelo envio de estagiários recém graduados para mestrado na PUC e na UFRJ, no Rio de Janeiro. Ao retornarem, as duas primeiras gerações de mestres reuniram-se ao grupo de hardware que atuava em instrumentação eletrônica no Instituto de Física, criando em 15 de dezembro de 1972 o Curso de Pós-Graduação em Ciência da Computação (Ver: O início do CPGCC) denominação transformada posteriormente para Programa de Pós-graduação em Computação (PPGC) incluindo o Mestrado Acadêmico e o Doutorado. Durante alguns anos foi mantido o Mestrado Profissionalizante, descontinuado devido a grande dificuldade de coordenação das atividades acadêmicas dos alunos com seu trabalho profissional.

O espectro das áreas de especialização era bastante amplo, abrangendo hardware e software, o que se mantém até a presente data como uma das características que destacam este centro de excelência. Para estimular o trabalho multidisciplinar foi organizado, internamente em 1974, um Seminário Integrado de Software e Hardware – SEMISH. A partir de 1975 foram formados os primeiros mestres, integrantes da turma de alunos do CPGCC que havia ingressado em 1973. Neste mesmo ano o CPGCC organizou o II Seminário Integrado de Software e Hardware – SEMISH – como uma atividade de abrangência nacional. No ano seguinte, 1976, o SEMISH consolidou-se e transformou-se em evento permanente. A partir de sua quinta edição o SEMISH passou a ser promovido pela Sociedade Brasileira de Computação – SBC, criada naquele evento. Com o sucesso desta iniciativa o CPGCC e, posteriormente, o Instituto de Informática, passaram a promover uma série de congressos e conferências nacionais e internacionais.

No ano de 1972 foi criado o Curso de Formação de Tecnólogo em Processamento de Dados (CFTPD), integrante do Projeto 15 do Ministério da Educação e Cultura, e elaborados os primeiros projetos de pesquisa, submetidos ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico – BNDE, pleiteando apoio financeiro do FUNTEC.

Ainda em 1972, a Universidade adquiriu seu primeiro computador de grande porte, um Burroughs B-6700, que foi instalado em novo prédio junto ao Hospital de Clínicas. Ao mesmo tempo, foi alterada a estrutura administrativa do CPD, contemplando duas divisões: a Divisão de Computação, responsável pela prestação de serviços de processamento de dados à Universidade, localizada no prédio novo, e a Divisão Acadêmica (posteriormente denominada Departamento de Informática), responsável pelas atividades de ensino e pesquisa em Informática, localizada nas antigas instalações do CPD, junto à Escola de Engenharia. (Ver: Primeiros computadores da UFRGS).

O SED – Sistema de Entrada de Dados foi o primeiro trabalho de porte executado pela equipe do Curso de Pós-Graduação em Ciência da Computação/UFRGS. Neste período, o Governo Federal começava a consolidar a ideia de uma Política Nacional de Informática, que teria na Reserva de Mercado um de seus principais instrumentos. Foi então incentivada a criação de empresas nacionais, às quais foi reservado o mercado brasileiro de minicomputadores. Uma destas empresas, a EDISA – Eletrônica Digital S.A., foi criada no Rio Grande do Sul, usando como importante argumento, no processo de seleção, a existência, no Estado, de um centro de formação de recursos humanos de alto nível, na área de Informática, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Para constituir seu quadro técnico, a EDISA recrutou estudantes e professores do CPGCC, que levaram para a empresa os conhecimentos e os resultados de suas pesquisas na Universidade, alguns dos quais deram origem a produtos desenvolvidos e comercializados pela EDISA. Após a criação da EDISA, várias outras empresas foram criadas por egressos do CPGCC, do CFTPD e do CPD, atuando em áreas diversificadas de software e Hardware, com alguma concentração em Comunicação de Dados.

Em meados da década de 70, foram enviados os primeiros professores para doutoramento no Brasil e no exterior, como parte do permanente esforço de capacitação do corpo docente da área de Informática. Com o retorno dos doutores, os cursos e os projetos de pesquisa experimentaram um salto de qualidade, sendo fortemente incrementado o intercâmbio com importantes instituições estrangeiras, especialmente aquelas situadas na Europa, mais especificamente na França e na Alemanha. A qualificação do grupo, que já se destacava no cenário nacional pelo volume e pela qualidade da produção e das publicações, fez com que se elevasse ainda mais o nível dos trabalhos e dos resultados, que passaram a incluir, em boa parcela, publicações internacionais, especialmente em congressos de bom nível.

Registrou-se, igualmente, substancial incremento das ações em cooperação com países da América do Sul, especialmente através de atividades de treinamento oferecidas por professores e técnicos da UFRGS a estudantes e profissionais dos demais países. Parte desta cooperação foi desenvolvida com apoio da OEA, em projetos que resultaram inclusive no desenvolvimento cooperado de um conjunto de ensino (software e hardware) de arquitetura de computadores.

No final dos anos 80 e início dos anos 90, ocorreram transformações fundamentais e extremamente positivas na área de Informática da UFRGS. Em 1989 foi criado o Instituto de Informática, como unidade agregadora das atividades de ensino, pesquisa e extensão, em todos os níveis, no âmbito da Universidade. A partir da criação do Instituto, foi instalada a respectiva estrutura administrativa, contemplando adequadas formas de representação e operação, tanto no âmbito interno como no externo. Em meados de 1991 foi iniciado o processo de transferência, das precárias instalações físicas junto à Escola de Engenharia, para as novas instalações recém construídas no Campus do Vale, perfazendo um total de cerca de 4.000 m2 de área.

A nova área física permitiu a instalação dos equipamentos recebidos de várias fontes, especialmente do CNPq e da FINEP, promovendo um notável salto de qualidade nas condições de trabalho oferecidas a professores, funcionários e alunos do Instituto. As novas condições, aliadas à qualificação do corpo docente, permitiram que em 1989 fosse criado o nível de doutorado no CPGCC, que hoje alcançou o patamar de produção de doutores dos outros dois doutorados consolidados do Brasil nesta área (PUC-Rio e UFRJ).

Neste período, as agências de fomento brasileiras, como as do MCT, especialmente o CNPq, e a FAPERGS, no Rio Grande do Sul, passaram a incentivar ações das universidades em cooperação com empresas, visando o geração e a transferência de tecnologia, como forma de aumentar a competitividade das empresas brasileiras no mercado internacional. Mais uma vez destacou-se o Instituto de Informática da UFRGS, como centro irradiador de ações envolvendo as empresas e as instituições de ensino e pesquisa da Região Sul e do Mercosul.

Junto às empresas, destacam-se as atividades de treinamento e de desenvolvimento de projetos, muitos deles apoiados pelas agências de fomento. Importante, também, tem sido a participação do Instituto no Núcleo de Software do Rio Grande do Sul – SOFTSUL, que integra o Programa SOFTEX. Presentemente, importante iniciativa é representada pelo Centro de Empreendimentos em Informática, incluindo uma incubadora tecnológica.

Como reconhecimento pela atuação do Instituto no campo da cooperação com empresas, a ASSESPRO – Associação das Empresas Brasileiras de Software e Serviços de Informática, conferiu à Universidade Federal do Rio Grande do Sul o Prêmio ASSESPRO 1992, categoria Escola Superior, tendo sido a escolha feita por votação entre todos os associados da entidade em âmbito nacional. Em 2006, o Instituto de Informática da UFRGS recebeu o Prêmio Entidade Parceira da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software e Internet – Regional RS – ASSESPRO-RS. Este Prêmio é destinado a homenagear a entidade que se destacou como protagonista máximo, contribuindo efetivamente com a construção de uma visão estratégica de crescimento para a Capital do Estado do Rio Grande do Sul.

A Informática da UFRGS colabora com a implantação no Rio Grande do Sul de programas estratégicos do governo federal. Como exemplo temos o Programa Nacional de Centros de Supercomputação, cuja primeira implantação deu-se na UFRGS com a instituição do Centro Nacional de Supercomputação, implantado com apoio da FINEP em junho de 1992. Este centro atende 75 institutos de P&D de 12 estados da federação, e instituições do Cone Sul conveniadas com a UFRGS, em áreas aplicadas. A área de Informática da UFRGS coordena a implantação e operação do ponto de presença da RNP (desde 1989) e da rede estadual de C&T do Estado (Rede Tchê, iniciada em 1992), colaborando fundamentalmente com a consultoria e recursos humanos para implantação dos programas prioritários do MCT, como a RNP, o ProTeM-CC CNPq, e o Softex 2000 CNPq.

No âmbito das instituições de ensino pesquisa, o Instituto tem atuado como fonte de recursos humanos qualificados, egressos dos cursos de graduação e pós-graduação, que constituem parte significativa do corpo docente mais qualificado das instituições da Região Sul. Mais recentemente, o Instituto tem dinamizado suas ações neste campo, pelo desenvolvimento de projetos de pesquisa em cooperação com vários grupos emergentes, bem como pela promoção dos mestrados remotos, que funcionam junto a essas instituições, com o corpo docente constituído por professores do Instituto.

Com a conclusão das novas instalações, o Instituto passou a dispor de adequado espaço físico para a Biblioteca, melhorando ainda mais as condições de trabalho oferecidas aos estudantes e aos profissionais que buscam o Instituto e sua biblioteca como forma de manterem-se atualizados, bem como no desempenho de suas atividades em projetos de cooperação universidade/empresa. Da mesma forma, os setores de suporte técnico e administrativo ganharam instalações definitivas, permitindo com isto a instalação da Incubadora e das demais atividades de cooperação em espaço amplo e próprio.

Ao longo das últimas décadas, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul vem construindo e consolidando uma história que a coloca em posição destacada no cenário nacional, na área de Informática, participando ativamente, em seu campo de atuação, de todos os eventos importantes que marcaram este período. É inequívoca a posição de liderança do Instituto de Informática, como polo irradiador, no campo do ensino e da pesquisa, na Região Sul e no Mercosul, formando recursos humanos em seus cursos regulares, promovendo treinamento para empresas e instituições de ensino e pesquisa no País e no exterior, desenvolvendo projetos de pesquisa em cooperação com empresas e instituições emergentes, mantendo convênios com instituições estrangeiras e nacionais, promovendo eventos de âmbito nacional e internacional, assessorando as principais agências de fomento nacionais, através de seus professores, bem como caracterizando sua atuação no amplo espectro da área de Informática, tanto em software quanto em hardware.

Pela história construída nestes anos e pela liderança que exerce em sua área de influência, o Instituto chega à presente data, de fato, como Centro de Excelência em Informática da Região Sul e do Mercosul.