Educar-se constitui a condição fundamental para que o trabalho também se converta em escola. É amplamente reconhecido que indivíduos com maior nível de escolaridade tendem a obter melhores salários. Tal constatação suscita a questão: o que a escola insere na formação que altera a forma de trabalhar e de se posicionar na vida social?
Os dados empíricos indicam que o aumento nos anos de estudo está associado a um nível de renda mais elevado. A explicação é clara: a escola fornece competências que podem ser utilizadas desde o primeiro dia de trabalho. Aprendem-se habilidades valorizadas pelo mercado, como ler, escrever, interpretar instruções, elaborar relatórios ou compreender manuais técnicos. Tais competências aumentam a produtividade e, consequentemente, tornam os indivíduos mais valiosos para as organizações.
Todavia, há um aspecto intrigante. Muitos dos conteúdos escolares são esquecidos com o tempo. No entanto, mesmo após o esquecimento de informações específicas, os salários continuam a crescer à medida que a escolaridade se acumula. Por que isso ocorre?
A resposta está na capacidade adquirida de lidar criativamente com situações novas, interpretar desafios e encontrar soluções mais eficazes. A escolarização desenvolve raciocínio, julgamento crítico, tomada de decisão e compreensão mais ampla da realidade. Trata-se de um equipamento intelectual que permite transformar experiências de trabalho em aprendizagem contínua. Em termos simples, aprende-se a aprender.
Assim, quanto mais sólida for a formação escolar, maior será a habilidade de converter experiências em conhecimento útil. O mundo do trabalho, por sua vez, torna-se um espaço privilegiado de aprendizagem somente para aqueles que tiveram a oportunidade de estudar.
Dessa forma, a educação não se limita à transmissão de conteúdos imediatos, mas prepara para aprender a realizar tarefas que não foram diretamente ensinadas. O trabalho pode ser considerado uma escola contínua, mas somente para quem construiu previamente os alicerces intelectuais necessários.
Em síntese, os conhecimentos adquiridos nos currículos escolares valem não somente por sua utilidade prática, mas sobretudo pelo exercício de raciocínio e pela capacidade de transformar desafios em oportunidades de crescimento.