O Brasil, ou pelo menos a academia brasileira, está passando por uma onda de internacionalização e resolvi tratar este tema com mais profundidade. O que é realmente internacionalização? Para mim é termos a qualidade para o reconhecimento mundial. O samba e o carnaval brasileiros são realmente internacionalizados, em qualquer lugar do mundo são reconhecidos. A caipirinha, também, na semana passada em Praga vi uns três bares com cartazes propondo a caipirinha (com o nome em português!). O mesmo deve se passar com a pesquisa: qualidade do trabalho para sermos reconhecidos e não submissão a casas editoras ou grupos multinacionais com a esperança de termos mais visibilidade.
Comecei a tratar este assunto no artigo Os artigos brasileiros servem para alguma coisa? do qual transcrevo, a seguir, um pequeno trecho. Precisamos tratar com profundidade este tema.
Estava conversando com um amigo estes dias e ele me mostrou que os autores dos USA reescrevem a história: tudo foi inventado ou feito pela primeira vez lá. O avião foram os planadores a motor catapultados dos irmãos Wrigth, nada sobre Santos Dumont nem sobre Otto Lilienthal. Sobre o computador: Konrad Zuse não existiu. Até o alto-falante foi inventado por um obscuro californiano. Nós condenamos o padre Landel de Moura como feiticeiro e não como inventor do rádio.
Nós continuamos achando que tudo que é publicado no exterior é melhor e que não vale a pena publicar no Brasil. Como consequência estamos matando nossas publicações start-ups. Fui editor por cerca de 6 anos da Revista de Informática Teórica e Aplicada. No final já estávamos com cerca de 60 artigos em avaliação. Como ninguém cita artigos brasileiros saiu o QUALIS da mesma e, horror, houve uma corrida para retirar artigos para serem submetidos a meios mais “sérios”. Um colega chegou a dizer que eu fazia o papel de editor por diletantismo, desisti e sai da função. E quantos nossos autores estão submetendo muitos artigos no tema para journals? (fica mais bacana chamar revistas de journals pois é em inglês).