No cenário atual da cultura digital, a Inteligência Artificial (IA) pode ser vista como uma junção de vários algoritmos que, a partir de dados digitais, criam novas formas de comunicação e interação. Eles imitam e ampliam habilidades humanas de aprendizado, ajudando a resolver problemas, tanto simples quanto complexos, de forma mais eficiente, visando melhorar a qualidade de vida. A IA surge tanto como uma promessa quanto um dilema ético, já que visa criar máquinas (como robôs, ciborgues, androides, etc.) capazes de “pensar” e desenvolver diferentes níveis de consciência. Ela está cada vez mais presente como ferramenta de aprendizado em várias áreas da vida.
Com isso, entender como usar a IA e as questões éticas, morais e legais que ela traz é algo que precisa fazer parte da prática docente. Ensinar a avaliar com precisão o produzido pela IA é um desafio para a educação, e por isso o pensamento crítico se torna cada vez mais importante. Professores e alunos precisam ter discernimento ético e moral para lidar com essas tecnologias.
A IA afeta o trabalho dos professores, já que muitas das ferramentas de ensino disponíveis hoje acabam focando apenas na transmissão de informação sem ir além disso. Então, é necessário repensar o planejamento pedagógico para que os currículos e métodos de ensino valorizem mais as ações humanas, especialmente nos aspectos éticos, morais e políticos – áreas em que a IA ainda não domina. Nesse contexto, o desenvolvimento de habilidades interpessoais (as chamadas “soft skills”), que a IA ainda não consegue reproduzir, se torna cada vez mais relevante.
A IA pode ajudar a aliviar algumas tarefas operacionais dos professores, mas se o foco continuar apenas no ensino de conteúdos específicos, a IA pode facilmente substituir o trabalho docente. Para manter a profissão fora do controle das máquinas, é preciso que os professores se concentrem em educar para valores, desenvolver competências interpessoais e formar cidadãos.
Para isso, é importante desenvolver estratégias de aprendizado que integrem a IA de forma construtiva em sala de aula. Algumas ideias são: trabalhar com a IA antes de introduzir um novo tema, usar aplicativos interativos como chatbots para ajustar o ensino ou mesmo criar dinâmicas que revelem “fake news” para serem debatidas com os alunos.
Apesar da digitalização das escolas, é essencial lembrar que o dia a dia também é uma fonte rica de aprendizado. Práticas pedagógicas que funcionavam antes da era digital ainda podem ser úteis no aprendizado. No entanto, nem todas as regiões do mundo têm o mesmo nível de conectividade, e a IA pode ser mais acessível em sociedades mais desenvolvidas tecnologicamente, deixando de fora aqueles que não têm acesso. A educação precisa, então, garantir que haja igualdade e proteção contra essa exclusão tecnológica.
Problemas encontrados
A integração da Inteligência Artificial (IA) no ambiente educacional levanta uma série de problemas e desafios que precisam ser enfrentados. Um dos principais problemas é a substituição do papel do professor. Se a profissão docente continuar focada apenas no ensino de conteúdos específicos e na transmissão de informações, há o risco de a IA, com suas ferramentas cada vez mais sofisticadas, tomar o lugar dos educadores. Isso ameaça a essência do ensino, que deveria ir além de conteúdos e envolver o desenvolvimento de habilidades interpessoais, valores éticos e formação de cidadãos críticos.
Outro desafio está relacionado à instrumentalização do ensino. Muitas ferramentas de IA são projetadas para otimizar processos, mas acabam focando apenas em tarefas repetitivas ou em fornecer respostas, sem necessariamente promover experiências de ensino mais profundas ou engajadoras. Isso pode empobrecer a educação, limitando a criatividade e a interação entre alunos e professores.
A questão ética também é central. A IA traz consigo um dilema sobre como garantir que os princípios morais e éticos sejam respeitados. Como a IA pode potencializar desigualdades, é preciso haver um esforço educacional para ensinar alunos a questionar criticamente o uso dessas tecnologias, evitando a aceitação cega de tudo que elas produzem.
Há também um problema de acesso desigual à tecnologia. Nem todas as regiões ou escolas têm acesso à infraestrutura tecnológica necessária para tirar proveito das ferramentas de IA. Isso cria uma divisão entre os que têm recursos para acompanhar o desenvolvimento tecnológico e aqueles que ficam de fora, reforçando a exclusão digital e, por consequência, a desigualdade social.
Além disso, o excesso de digitalização nas escolas e universidades pode fazer com que se perca de vista o valor das experiências cotidianas fora do ambiente virtual. O aprendizado humano é vasto e vai além das telas, mas o foco excessivo nas tecnologias pode fazer com que práticas pedagógicas tradicionais, porém eficazes, sejam negligenciadas.
Por fim, há o risco de hegemonia cultural. Como a IA é mais acessível em países com maior desenvolvimento tecnológico, há um risco de que apenas essas sociedades moldem o futuro da educação digital, impondo seus valores e perspectivas sobre outras culturas. Isso reforça a necessidade de garantir uma educação que preze pela diversidade e equidade.
A inspiração para este livro vem da convicção de que a Universidade é muito mais do que um espaço de transmissão do conhecimento. Ela é um organismo vivo, adaptável, que reflete as transformações da sociedade ao seu redor. Com base em minha longa experiência no ensino, decidi reunir crônicas e posts que resultam de profundas reflexões sobre a dinâmica acadêmica contemporânea. Este livro oferece uma visão crítica da Universidade diante dos desafios do século XXI, com foco especial no ensino a distância e no impacto crescente da inteligência artificial. Nesta obra, meu objetivo é compartilhar, sobretudo, minha experiência pessoal acumulada ao longo de anos de ensino, ao mesmo tempo, em que analiso os paradigmas que moldam a academia moderna.
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