Sair para um período longo para fazer uma especialização, mestrado ou doutorado no exterior é uma decisão difícil de ser tomada. Uma vez tomada a decisão, algumas atividades e precauções podem ser muito úteis para aumentar a chance de bons resultados na tarefa. Aqui apresento um check-list de atividades e sugestões para o seu sucesso.
- A primeira atividade é conhecer bem o local para onde pretende ir. Estude tudo o que for possível: detalhes da universidade, da cidade, atrações turísticas, serviços de saúde, ambiente esportivo e cultura. Uma grande coisa é chegar em um local com uma boa visão do que esperar, isto evita desilusões e facilita a vida. Use os serviços de busca, comece pelo nome da Universidade, do grupo de pesquisa, dos professores orientadores. Continue com a cidade, a região e os demais interesses pessoais na região.
- Fale com pessoas que já tenham estudado lá, faça perguntas. Se você tiver a sorte de estar estudando em uma universidade com boas vinculações internacionais, procure conseguir um estágio curto na universidade-alvo antes de ir para um longo doutorado. Se você está fazendo seu curso de graduação em uma instituição mais isolada procure participar em algum projeto de pesquisa em cooperação com uma boa universidade de pesquisa. Isto lhe abrirá muitas portas, participar de um grupo conhecido já é uma recomendação importante.
- Lembre-se que os professores da universidade no exterior também são avaliados. Eles precisam minimizar os riscos, então você deve demonstrar que será uma boa aquisição para o grupo de pesquisa. Mostre seus trabalhos, suas competências, uma carta de recomendação de um professor ou pesquisador conhecido na universidade receptora é um ponto importante. Mas é preciso que este professor o conheça mesmo, a carta deve ser bem detalhada e fazer uma análise real do candidato. Cartas do tipo: “Fui seu professor em uma disciplina de graduação e sempre pareceu um aluno dedicado…” não servem para nada.
- Se o seu perfil for vocacional, na definição da ISCDE, verifique se seu curso tem convênios com empresas que tenham ou parcerias no exterior ou sejam subsidiárias de empresas internacionais. Ter realizado estágios no Brasil conta na avaliação, obtenha cartas de recomendação de seus supervisores. É importante a capacidade de trabalho independente e capacidade de relacionamento com a equipe de trabalho.
- De qualquer forma procure todas as oportunidades de intercâmbio, cursos de línguas, treinamentos profissionais, trabalho voluntário. Tudo isto conta muito no processo de seleção.
- Há dois grandes perfis: o de pesquisa (ISCDE 6) e o vocacional (ISCDE 5B). Identifique claramente qual é o seu perfil. Quanto mais cedo conseguir saber o que vai fazer, mais fácil para orientar sua carreira. Espero que no futuro seja possível fazer pesquisa avançada em muitas empresas brasileiras, mas hoje ainda temos dificuldades para a inserção de doutores nestas empresas. Se for pesquisador é essencial um bom mestrado com boas publicações e talvez um estágio curto, um intercâmbio na graduação conta muito. Se o perfil for vocacional, estágios técnicos, capacidade avançada de relacionamento, experiência prévia de estágios no país são importantes. Em ambos casos o domínio da língua e da cultura do país e da universidade ou empresa conta muito para a seleção.
- Lembre-se que vai trabalhar muito! O turismo, as pequenas férias, as excursões são uma parcela bem pequena do tempo total no exterior. Esteja preparado para trabalhar muito mais do que em sua graduação aqui no Brasil. Quanto ao dinheiro, este é curto mas com bom planejamento dá para viver adequadamente. O que você vai ganhar – fora da formação profissional – é a experiência de viver em uma outra cultura, de poder ter acesso a outras alternativas de diversão, de teatro e de esportes e ver que sempre há outros pontos de vista diferentes para as coisas que você achava obvias. Esqueça um pouco o chimarrão, o samba, o frevo e viva a cultura do país que o está recebendo, esta será uma oportunidade única. Não viva em “guetos” brasileiros, faça amigos no país e entre os colegas do curso. Estas relações serão muito úteis no futuro.
- Para solicitar uma bolsa de doutorado no exterior você deve, pelo menos, ter as condições de ser aceito por um bom programa de doutorado no Brasil. Muitas universidades no exterior aceitam mais facilmente, ou até muito facilmente, candidatos com bolsas do Brasil, é um risco zero para elas. A condição para obter estas bolsas (CAPES E CNPq) é a excepcionalidade, do aluno, da instituição receptora e do plano de pesquisa, sem estas condições nem perca tempo submetendo propostas. A alternativa é encontrar uma fonte externa de apoio financeiro.
- Não pense que o mundo “lá fora” é um mar de rosas, em alguns lugares você terá muito menos acesso ao professor do que aqui no Brasil e será tratado mais friamente e de forma mais distante. Você terá que conquistar a simpatia de pessoas com outras formas de encarar o relacionamento humano. Dificilmente aquela expressão “aparece” significa que você vai chegar na casa de alguém sem avisar com uma boa antecedência. Tudo isto não quer dizer menos consideração, significa apenas outra forma de relacionamento. Faz parte, também, da experiência.
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