É urgente repensarmos os critérios excludentes da academia e reconhecer o valor que pesquisadores seniores trazem para a formação de nossos alunos e para o desenvolvimento de projetos. A pressão por índices CAPES, embora fundamental para avaliações, tem levado coordenadores de programas de pós-graduação a excluir profissionais experientes, em uma busca exclusiva por aqueles que atendem a métricas de publicação. Isso cria um sistema que desvaloriza professores que poderiam ministrar excelentes aulas e transmitir conhecimentos práticos essenciais para a vida profissional dos estudantes.
A inclusão de pesquisadores seniores não só amplia o repertório de saberes disponíveis, como também aumenta a diversidade de perspectivas e fortalece o ambiente acadêmico com uma riqueza de experiências acumuladas. Esses profissionais possuem habilidades para implementar projetos e visão estratégica que beneficiariam tanto o avanço das pesquisas quanto o crescimento pessoal e profissional dos estudantes. Ignorar essas contribuições em nome de uma adequação puramente bibliométrica é um erro que priva a academia de criatividade e inovação.
O conhecimento não é apenas construído por mentes jovens e prodigiosas, mas por grupos diversos, onde experiências distintas e saberes complementares se encontram e se potencializam. A maioria das descobertas científicas e das grandes obras não resulta de uma ideia isolada de um único gênio, mas sim do trabalho colaborativo e perseverante de equipes formadas por diferentes personalidades – desde os criadores até os executores. Portanto, ao rejeitar a presença de pesquisadores seniores, a academia perde oportunidades de gerar novas ideias e soluções inovadoras, resultado do entrelaçamento entre gerações e da cooperação entre visões variadas.
Pesquisadores seniores também trazem consigo uma experiência prática que, muitas vezes, falta aos mais jovens. Eles podem atuar como mentores e servir de inspiração para aqueles que estão iniciando suas carreiras. Além disso, ao adotarem trajetórias não convencionais, esses acadêmicos possuem resiliência e habilidades adaptativas fundamentais para lidar com os desafios do mundo atual, especialmente em um contexto que demanda constante inovação e capacidade de superação.
Promover uma mudança na cultura acadêmica significa reconhecer e valorizar trajetórias diversas, incentivando uma comunidade inclusiva, onde o valor do conhecimento seja medido pela qualidade, pela aplicabilidade e pela contribuição para a sociedade, não apenas pela contagem de publicações.
Disclaimer: este texto não é defesa pessoal, estou ativo no PPGC da UFRGS e sou Pq. Sênior do CNPq
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