Estamos cansados de ouvir e de ler que o problema do Brasil é o gasto excessivo no ensino superior. Isto não é verdade, em uma palestra sobre a Universidade do Futuro, aqui na UFRGS, foi mostrado este documento da OECD, portanto acima de suspeitas de partidarismo, Public spending on education DOI:10.1787/f99b45d0-en. Aqui está bem clara a distribuição dos recursos públicos em educação: 0,959% do PIB em ensino terciário (superior) e do primário até o não terciário (fundamental e médio) são aplicados 4,061%. Ou seja aplicamos 4,2 vezes mais recursos no ensino fundamental e médio. Somos o quinto país da análise que mais gasta com o ensino pré terciário e apenas o 20º no ensino superior. Está na hora de realizarmos estudos mais profundos sobre qual é a real razão dos problemas do nosso ensino. Este é um exemplo claro da era da pós-verdade: usam afirmações que apoiem suas ideias sem buscar a verdade nos dados! (ver tabela ao final)
Para mim o problema está bem caracterizado:
- Modelo de ensino centrado em aulas, número de horas de aulas, tanto para o modelo de negócio quanto para avaliar a cobertura do curso.
- Falta de tempo dos alunos para desenvolverem estudo complementar ou desenvolver trabalhos fora das aulas. É a visão de que se aprende na aula e não que a aula é a apresentação do tema e a motivação para o estudo.
As causas deste problema são:
- Incapacidade em entender que o projeto de ensino deve ser o desenvolvimento da capacidade de auto estudo e a capacidade de crítica e de reflexão. Daí decorre a deformação de avaliação de cursos por horas e conteúdos e cobrança e pagamento por horas-aula. Hoje está em andamento uma absurda discussão sobre quantos minutos deve ter uma hora-aula…
- A falta de entendimento que um conteúdo básico universal é essencial, não adianta um amplo espectro de conteúdo quando o essencial de Português e Matemática não são dominados.
Dedicação completa de alunos ao estudo.
- Bolsas de permanência
- Avaliação real do desempenho
- Seleção dos melhores alunos
Mudança nos critérios de avaliação
- Acabar com as provas “decoreba”
- Avaliação de atividades individuais dos alunos
- Projetos sobre problemas complexos
- Participação proativa dos alunos
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