A progressiva redução no uso de tempos verbais, como o subjuntivo, o passado simples, o imperfeito e até formas compostas do futuro, está nos empurrando para um pensamento focado no presente imediato, limitado ao “agora”. Isso nos torna incapazes de projetar ideias ou raciocínios ao longo do tempo. É como se estivéssemos perdendo a habilidade de imaginar o que foi, o que poderia ter sido ou o que ainda poderá acontecer. E não para por aí: o desaparecimento das letras maiúsculas e da pontuação também causa danos irreparáveis à comunicação. Sem esses elementos, perdemos sutileza e precisão. Pense bem: menos palavras, menos formas verbais conjugadas, menos ferramentas para expressar nossas emoções e ideias. É como se a nossa capacidade de pensar e se comunicar estivesse encolhendo com a linguagem. Como desenvolver pensamentos mais complexos, como hipóteses ou deduções, sem o uso do condicional? Como sonhar com o futuro, ou mesmo planejá-lo, se não utilizamos as formas verbais adequadas para falar sobre ele? E mais: como entender a ideia de tempo — o que aconteceu antes, o que está acontecendo agora e o que poderá acontecer depois — sem uma linguagem capaz de fazer essas distinções? Sem isso, tudo se torna uma massa de eventos, sem ordem ou perspectiva. Quem defende a simplificação exagerada da língua — eliminando regras, ignorando gêneros, tempos e nuances — argumenta que isso facilita a vida. Mas será mesmo? Na verdade, ao tirar a complexidade da linguagem, estamos enterrando a riqueza do pensamento humano. A linguagem é o que nos permite raciocinar, criar e imaginar.
Escrever um livro com cuidado literário exige anos de leitura e reflexão por várias razões. Primeiro, a leitura constante permite ao autor absorver e entender diferentes estilos e técnicas narrativas, o que é fundamental para desenvolver um texto que seja não apenas informativo, mas também envolvente e inspirador. No caso de um texto acadêmico-literário, o autor deve transitar entre a precisão e a clareza acadêmica e a sensibilidade da linguagem literária, criando uma obra que vá além da simples transmissão de conhecimento, além disso, ao ler outros autores, o escritor se expõe a ideias diversas, a diferentes perspectivas e a formas únicas de expressar complexidades humanas e acadêmicas, o que enriquece suas próprias reflexões e o ajuda a formular uma visão mais profunda e articulada sobre a universidade e suas transformações. Essa base de leitura é o que permite que o autor produza algo que vá além de um relato objetivo – transforma o livro em um testemunho pessoal e literário, capaz de inspirar e desafiar o leitor. Por fim, anos de leitura contribuem para a construção de um repertório cultural e intelectual que dá ao autor a confiança necessária para compartilhar sua visão com autenticidade e rigor. Na foto, à direita, mostro uma coleção de livros de autores com prêmio Nobel de Literatura. Esta tem sido uma fonte de inspiração. | |
Além do estudo da técnica literária, uma visão geral da cultura, incluindo filosofias e demais dimensões humanísticas, é essencial para uma escrita completa e impactante. Compreender as diversas perspectivas filosóficas, bem como o contexto cultural e histórico das obras, permite uma análise mais profunda e fundamentada, o que enriquece a capacidade de expressão e argumentação. Assim, o contato com obras de autores consagrados não só aprimora a técnica, mas também amplia a visão do mundo, integrando ideias e valores que transcendem a própria literatura. Essa abordagem multidimensional é o que transforma a escrita em uma prática reflexiva e abrangente, conectando o autor a um legado cultural e intelectual mais vasto. A foto mostra uma pequena coleção cobrindo, de forma rápida, alguns dos intelectuais importantes na formação de nossa bagagem cultural. Uma visão geral é importante para, depois, se aprofundar em temas de interesse. Leia o texto Como Montar uma Biblioteca Universitária com Livros de Bolso ou Digitais |